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domingo, 7 de outubro de 2007

Precisamos de ordem na casa

Outro dia, em uma conversa com um conhecido, soube de um "técnico" que cobrava um valor irrisório para reinstalar o sistema operacional e aplicativos em máquinas de clientes. Eu e ele concordamos que isto é meio complicado, pois nem o valor é suficiente pelo trabalho, nem este valor ajuda os outros, pois, pelo menos para este cliente, serve de referência. Está gerada a desvalorização.

Profissional x “Técnico”

Pensando bem, nesta nossa área de "técnicos" de informática, isto é um fenômeno interessante. Cada um cobra o que quer, e o valor quase sempre tende a diminuir, chegando a valores impraticáveis. Assim, um profissional que estuda, investe em literatura especializada, investe tempo, chegando até a tirar tempo de seu próprio tempo livre, tem que concorrer deslealmente com um "técnico" normalmente sub-qualificado, mas que por conseguir resolver problemas triviais, ganha a confiança do cliente.

Não tiro do cliente a razão, quando ele prefere o "técnico" que cobra bem mais barato, pois somos quase todos assim. A maioria de nós está procurando os melhores preços, o que é normal. Alguns de nós nos preocupamos com qualidade aliada a preço razoável. Assim também é o cliente que prefere o "técnico": quase nunca olha a qualidade.

Prejuízos

Um outro problema é que o "técnico" atua quase sempre na informalidade do simples. Problemas maiores normalmente são dignos de uma reformatação, segundo ele. Mesmo assim, até para pequenos projetos, como o desenvolvimento de uma rede, ou de um sistema, ou de ambos, o "técnico" é chamado. Mesmo que, não sabendo como fazer, ele dê um jeito de sair pela tangente.

Este tipo de "profissional" é extremamente prejudicial. Até para ele mesmo. Pois um dia, ele vai perceber que precisa crescer nos seus conhecimentos, e que a prostituição que ele cafetina de si mesmo mal dá para pagar lanches. E quando crescer, vai perceber que tem que cobrar o valor justo. E os seus antigos clientes o censurarão, pois dirão que está cobrando bandeira 2 "só porque estudou!!!". Inapelavelmente, vão à caça de outros "técnicos".

Desunião

Por outro lado, os que estudamos, investimos, sofremos para crescer, não temos NENHUMA união, sendo competitivos entre nós mesmo. Nem vou falar nada da inexistência de um conselho de classe, mas o mais básico: um código de ética, como é o caso do código de ética médica. É interessante citar aqui o exemplo de uma outra classe que, apesar de estar alguns passos mais adiantada, no sentido de ter uma organização reconhecida por lei, ainda vive conflitos pois tem os profissionais e os práticos, que seriam os nossos "técnicos": são os músicos do Brasil, cujo relato interessante achei nesta página.

Que fique bem claro, que pessoalmente, nada tenho contra os "técnicos". Fui um deles, e como disse acima, precisei crescer. E crescendo, a venda aos poucos vai caindo, e vamos percebendo as coisas como elas realmente são, e como elas deveriam ser, para o bem de todos.

Tento compreender o que causa a desunião entre os participantes da classe, sejam eles detentores de algum nível técnico de formação profissional, sejam eles "técnicos". Não conseguimos entender que este afastamento, esta desunião, é corrosiva e prejudicial, e não nos levará a local nenhum.

Classes e Sindicatos

Lembro que uma das empresas na qual fui contratado como programador, era uma metalúrgica, e eu automaticamente fui ligado ao sindicato dos metalúrgicos. Imaginava qual o motivo disto, se eu não era metalúrgico. Eu era um programa dor, e tinha ralado para isso. Por que o não reconhecimento?

Eu me irritava por não ser reconhecido, quando minha inexperiência me impedia de entender que minha classe nem se reconhecia como classe. Já disse antes, que eu nem era chamado de programador: eu era o "menino que mexe com computador".

Procurando por "sindicato" e "computação" achei esta página, que relaciona ASSESPROs regionais, um link inexistente para uma Associação dos Analistas de Sistemas, Associações diversas, e um site de um "Sindicato dos técnicos de informática", baseado no HPG.COM.BR (???). Procurando por esta frase, no Google, não achei nada.

Sem querer desmerecer classe nenhuma, existe sindicato dos faxineiros (procure por "faxin" neste PDF), sindicato dos garçons, sindicato das prostitutas (procure por "prostitutas" neste link), sindicato das empregadas domésticas. Não quero igualar nenhuma destes categorias a outras, desmoralizar, ou qualquer ato negativo que me queiram imputar. Estou relacionando categorias onde o exercício de suas atividades exige uma capacitação técnica muito menor e que ainda assim, se organizaram, de alguma forma, em sindicatos. E nós não! Apesar de encontrar menção a "sindicato dos profissionais de informática" no Google, apenas achei o SINDPD de São Paulo. E mais nada.

Aos leitores comentaristas: Por favor, comentem indicando a existência de sindicatos, associações, ou pelo menos a intenção da construção de um conselho de classe. Ou uma justificativa para que nada disto ocorra.

3 comentários:

Fernando Romeiro disse...

Olá Gilberto,

o seu texto vem apenas a confirmar o que já pensava e discutia com alguns companheiros sobre a necessidade de criação de um movimento unificador entre os profissionais de informática (informatas).

Em Alagoas, por exemplo, a classe de informatas (apesar de não ter uma classe propriamente formada) está ligada ao CREA (que é o Conselho de Engenheiros e Arquitetos)!?! O CREA absorveu a resposabilidade pela classe...

Entedo que é hora de começar um movimento que disperte todos os profissionais da área sobre esta realidade. Caso contrário, continuaremos neste estado deplorável. Apesar de não ser uma medida à curto prazo, não é possível permanecer na situação em que nos encontramos.

Até mais!

Gilberto Martins disse...

Perfeito Fernando.

Não termos representatividade, estarmos à sombra de outra classe, não sermos sequer reconhecidos como classe deveria ser preocupante para nós, pois mostra a completa desintegração da "classe" e falta de um entendimento de objetivo profissional.

Estou tentando criar uma consciência comum a alguns, a partir deste blog. Procuro pessoas que tenham as mesmas aspirações para que possamos ser uníssonos em algum objetivo, ou seja, estabelecer ALGUM tipo de união, e a partir daí, c almamente criar um esforço comum.

Hoje, entendo que é uma necessidade trazer o usuário comum ao conhecimento do software livre. Entender, dentro da sua falta de conhecimento técnico, o que é SL, para que serve, como pode ser usado, o que pode ser feito, como ele se beneficiaria.

Meu foco inicial é este, e minha base é que existe DIVERSOS eventos como congressos, semanas, etc, voltadas para TÉCNICOS, mas não para leigos. Unir um grupo de técnicos e simpatizantes, e organizar algo assim seria um começo.

Quer empunhar esta bandeira ?

Abraços

Fernando Romeiro disse...

Bandeira aceita.

Vamos à luta!

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