Agora, leio aqui que a BECTA (British Educational and Technological Agency) se queixa do Vista e da interoperabilidade de documentos. Fui ler a notícia na fonte e procurar apresentar ela com detalhes relevantes.
O Relatório de Janeiro de 2007
O pontapé inicial para este chegar a este ponto foi um relatório de janeiro de 2007, que em resumo destaca que:
- Em relação ao Vista:
- Os melhoramentos adicionam valor mas não o justificam no meio educacional
- Sua distribuição é considerada de alto risco
- Em relação ao Office 2007:
- Foi considerado extremamente estável no XP, e por isto o XP seria uma excelente plataforma tanto para o Office2007 como para os concorrentes, os quais também foram avaliados. Entretanto, é relatam também que 6 dos 9 concorrentes providenciaram 50% da funcionalidade do Office 2007
- Foi feito uso de um modelo próprio para estimar o custo envolvido na atualização para o Office 2007 nas escolas, e este modelo considera custos com atualização de hardware, licenciamento , esforço de atualização de hardware e software, e o custo de treinar, distribuir e testar. Considerando este modelo na estrutura educacional atual do Becta, se conclui um valor de:
- 4000 liras para uma escola primária típica;
- 26000 liras para uma escola secundária típica;
- 167 milhões de liras para todo o sistema educacional Inglês
- No momento de criação deste documento (janeiro de 2007), não foi achado benefício significante que justificasse a adoção do Office 2007
- Em relação à interoperabilidade de documentos Office 2007
- Interoperabilidade entre produtos MS foi considerada satisfatória (testes incluíram o MS Works)
- Todos os testes feitos com os competidores apresentaram problemas, pois ennhum suportava os novos formatos de arquivo do Office 2007
- Becta recomenda que as instituições educacionais só devem considerar o Office 2007 quando estiver garantida esta interoperabilidade.
Pesquisa sobre Licenciamento Acadêmico da Microsoft
Além disso , este documento mostra detalhes interessantes sobre as impressões dos programas acadêmicos dos softwares Microsoft adquiridos. A conclusão final é que:
- Forte tendência das instituições de ensino de passarem a estar presas ao licenciamento da Microsoft
- Alta complexidade que levou a falta de compreensão a nível institucional, o que resultou em amplo uso de estratégias inapropriadas de licenciamento.
Becta afirma ter mantido comunicação com a MS para que as modificações necessárias sejam feitas. Embora algo tenha sido feito por parte do fornecedor, uma quantidade de características fundamentais permaneceram sem solução, principalmente problemas sobre licenciamento e interoperabilidade entre documentos, considerando pais e alunos que querem usar alternativas à MS, incluindo as livres e/ou gratuitas.
Por causa deste impasse, Becta abriu uma reclamação junto ao OFT, na esperança que isto ajude a agilizar a solução do problema pela MS. Neste meio tempo, Becta avisa às instituições de ensino que a atualização para o Office 2007 ocorra quando a interoperabilidade entre com produtos alternativos esteja satisfatória. Ou seja, MS teria que falar corretamente com o padrão internacional ODF. A OFT seria uma equivalente à nossa defesa do consumidor.
Conclusão
Muito se critica do governo federal brasileiro pela sua preferência pelo Software Livre, mas devemos ver que a motivação deste ato não é tupiniquim. Software Livre tem se mostrado uma tendência mundial, e aparentemente incondicional. Posso citar aqui alguns exemplos, como este e este na França, este e este na Alemanha, África do Sul, este estudo na Itália, estes planos do governo da Eslovênia,as cidades Ribeirão Pires, Recife, Itajaí e Arapiraca, os estados Rio Grande do Sul, Goiás, entre diversos outros exemplos nacionais e internacionais. É difícil continuar crendo que isto é uma obrigação imposta pelo governo federal a tantas cidades e países. Aliás, aqui está um texto longo de 2004, mas muito oportuno, questionando a lei de software e assuntos relacionados
O uso de software proprietário, não será nunca descartado. Isto é impossível nos dias de hoje. Entretanto, não há mais como dizer que são melhor solução, ou apresenta melhor qualidade. Agora, não é mais um "bando de nerds" a bradar a qualidade do Free Software, é um órgão respeitável, equilibrado e que procura o melhor para seu uso.
Esta ação da Becta apenas é mais um forte indicativo de que a adoção do Software Livre não apenas é uma alternativa viável, como demonstra que sua qualidade e aplicabilidade tem crescido, e quase mudando o estátus de "viável" para "preferencial".
"Preferencial" de fato e de direito.